Apesar de utilizarmos dinheiro como forma de troca, no nosso dia-a-dia, muito poucos compreendem, realmente, como é que o dinheiro recebe o seu valor. O dinheiro é usado em quase todas as circunstâncias para obter bens, serviços, educação, mercearias, combustível, viagens, o que o torna crucial para as nossas atividades diárias e para as nossas ambições. Este artigo irá abordar a forma como a economia determina o valor de uma moeda. Para ser mais fácil, iremos dividir este assunto em secções, sob a forma de perguntas. O que irá dar suporte ao nosso objetivo de apresentar os principais contribuidores para a avaliação do dinheiro.
Como é criado o dinheiro?
Uma das formas mais populares de criar dinheiro é através do método de impressão, como tendemos a referi-lo tradicionalmente. Através deste método, o dinheiro é impresso para a subsequente compra e venda de obrigações. Um exemplo muito simples para clarificar este conceito, seria um governo criar as suas próprias obrigações. Uma obrigação, é uma forma de empréstimo que será pago numa data futura pré-definida, bem como o juro que o acompanha. Um governo emite obrigações e vende-as a instituições privadas, incluindo o banco central, que tem um nível elevado de independência face ao governo. É exatamente isto que o governo norte-americano faz através da Reserva Federal norte-americana, nos Estados Unidos. Basicamente, a Reserva Federal funciona como o banco central norte-americano. Outros bancos centrais de todo o mundo, como o BoE, o BCE e o BoJ basicamente seguem uma estratégia semelhante. Estes bancos centrais compram obrigações (obrigações do tesouro nos EUA) e pagam-nas com dinheiro acabado de imprimir como uma forma de dívida a ser reembolsada no futuro. Quanto mais dinheiro é impresso mais dinheiro os governos, ou as instituições financeiras, poderão gastar. Quanto mais puderem gastar, mais fácil lhes será pagar as suas responsabilidades (custos de infraestrutura, investimento e salários) uma vez que o seu principal objetivo é manter o desemprego em valores baixos, através da criação de emprego. Se isso não puder ser alcançado então são criados grandes problemas à economia e as pessoas não poderão sustentar as suas famílias. O cenário piora e aparecem outros problemas graves, como protestos, atividades criminosas e agitação social generalizada. No entanto, este método de impressão de dinheiro novo tem sido exagerado, nas últimas décadas, até ao ponto em que a Fed está a imprimir dinheiro novo para pagar dinheiro impresso anteriormente que o governo recebeu como empréstimo, aumentando a dívida pública nacional para níveis extremos.
Como é determinado o valor do dinheiro após o dinheiro ter sido criado?
Uma vez que a razão para o novo dinheiro impresso foi explicada acima, vamos passar agora para os efeitos de imprimir dinheiro novo. A esta altura, temos de clarificar um acontecimento chave. Quanto mais dinheiro um banco central decidir imprimir, menor será o valor da sua moeda. O que pode facilmente ser representado em termos económicos como o efeito da oferta e da procura. Quanto mais dinheiro for fornecido e estiver disponível na economia para as empresas, consumidores e indivíduos gastarem, maior será a procura de bens. Quanto maior for a quantidade de dinheiro que uma pessoa ou empresa tiver mais opções terá. Assim, é criada uma procura de bens de maior escala numa economia. No entanto, isto tende a criar um problema, que atualmente centra a atenção dos média, que é a inflação. A inflação ocorre quando o preço dos bens aumenta e o valor da moeda diminui, o que significa que irá comprar menos com a mesma quantidade de dinheiro. No pior dos cenários, a moeda desvaloriza bastante e o poder de compra diminui substancialmente.
No entanto, o dinheiro também pode ser avaliado em termos de padrão de vida. Um bom exemplo disso pode ser observado na zona euro, onde os países que a compões são bastante diferentes, em termos de estrutura económica, mas partilham a mesma moeda. Atualmente, a maior economia da zona euro é a Alemanha que, de acordo com as taxas anuais do seu HICP Preliminar para dezembro se situou nos 5,7%, no dia 6 de janeiro de 2022. Para além disso, o indicador económico equivalente para França, a segunda maior economia da zona euro, é a taxa anual CPI (Norma UE) Final, também para dezembro, que se situou nos 3,4%. Os dados sobre a inflação parecem apontar diferenças, mas ambos utilizam o Euro como sua moeda. Uma indicação mais forte das diferenças dentro do grupo da zona euro é a comparação entre a Alemanha e a Grécia. A Alemanha é um país muito mais caro, o que nos permite analisar outros aspetos da economia para aferir isso. Os cidadãos alemães têm um rendimento mais elevado, em termos salariais, o que tende a fazer subir os preços da habitação, dos bens, transportes, custo da energia, etc. Nos últimos meses, um relatório da Reuters veio confirmar que o mercado imobiliário sobrevalorizado da Alemanha poderá registar um abrandamento, num futuro próximo; no entanto, as pessoas continuam a ter grandes dificuldades em comprar uma casa uma vez que as restrições da oferta mantêm os preços elevados. Assim, e mais uma vez, o valor do imobiliário, em termos de moeda, pode ser diferente em cada país. Deverão ser considerados os indicadores económicos de cada país e poderão ser feitas comparações de forma a determinar quão forte é o poder de compra da moeda numa determinada área.
Existem outras formas de criar dinheiro?
Os bancos privados apresentaram a solução de conceder crédito à habitação aos consumidores, o que lhes permite comprar a sua própria casa. O que é equivalente à criação de dinheiro, mas, desta vez, sob a forma de dívida. Estes bancos poderão não ter o dinheiro físico nas suas reservas, mas é-lhes permitido criar dinheiro e emprestá-lo, com o pagamento de juro a acrescer ao montante total. É assim que os bancos privados tendem a registar lucros mais elevados. Mais uma vez, quando mais dinheiro é criado sob a forma de dívida, mais sobe o padrão de vida e, mais uma vez, a inflação também sobe. No entanto, se a maioria dos bancos estiver a conceder crédito e a financiar as pessoas para comprarem coisas que não poderiam comprar em condições normais, qual é o risco total associado se estes bancos falharem, por qualquer razão? Para além disso, esta ação promove uma economia sobre alavancada, o que já levou a desastres e bolhas financeiras no passado. No entanto, os bancos sentem-se confortáveis em conceder crédito à habitação porque o risco é reduzido; se o devedor não puder pagar então o imóvel é vendido a outra pessoa. Recentemente, nos EUA, a regulamentação e os testes de stress têm sido muito exigentes, exigindo padrões mais elevados pelo que os bancos dificultaram a obtenção de crédito por parte de um particular ou de uma entidade. Os bancos também foram obrigados a manter as suas reservas em níveis elevados, sobretudo para controlo dos riscos. As reservas bancárias em excesso é o montante detido por um banco (de reserva) como controlo interno, exigido pelos reguladores. Em nossa opinião, estas alterações tornaram os bancos mais sólidos e a avaliação da moeda também tem sido mais constante na zona euro e nos EUA, nos anos mais recentes, depois da crise da bolha imobiliária de 2008. No entanto, o valor continua a ser questionável.
Para terminar, o valor do dinheiro é determinado por diversos aspetos, começando pelas medidas dos bancos centrais. A partir daí, o governo e os bancos, que disponibilizam serviços no país, também são um grande contribuidor para o valor e estabilidade da moeda. Por último, a impressão de dinheiro tem sido uma das principais ferramentas usadas, o que já levou a desvalorizações extremas de algumas moedas. Isto é confirmado pelo que se observou no Zimbabué em 2008 e na Venezuela em 2013. Claro que estes podem ser casos extremos; no entanto, as suas lições não devem ser desvalorizadas. No entanto, imprimir dinheiro, como é o caso dos EUA, que tem a moeda mais usada em todo o mundo, o fluxo de dinheiro em excesso poderá ter levado a uma apreciação significativa dos mercados acionistas norte-americanos.
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